Origem da Valsa
Tentar rastrear a história de uma dança é um desafio interessante e exige tempo, mas antes de perguntar, onde e como surgiu a valsa. Devemos perguntar, onde e como surgiram as danças em compasso ternário?
As danças ternárias são minoria dentre as danças, o que facilita, ou deixa menos árdua a tarefa de tentar seguir os seus passos, mas a dança jamais existiria sem a música, e tentar rastrear a história da música ternária é bem mais complexo.
Por isso resolvemos não entrar nessa questão aqui, e ir direto ao que interessa, a história da valsa. Existem duas versões mais respeitadas historicamente sobre o surgimento da valsa. Segundo a primeira teoria, uma das danças precursoras no ritmo três quartos, compasso ternário, foi uma dança campestre da região de Provence, no sudeste da França, perto da divisa com a Itália. Segundo a edição do jornal parisiense “La Patrie”, de17 de janeiro de 1882, tal dança é datada de 1559. Ela era dançada na música folclórica denominada “Volte”, mas curiosamente, naquela mesma época e com o mesmo nome de “La Volta”, existia uma dança folclórica italiana, cuja contagem musical era três meios, também um tipo de compasso ternário. A palavra volta/voltare tem como significado “girar”, o que passa a característica básica da dança desde o seu início, ou seja, giros ininterruptos. Durante o século XVI, La Volta se tornou um estilo muito popular nos salões de baile do ocidente europeu, principalmente na França e Inglaterra. Thoinot Arbeau descreveu essa dança sendo parecida com o Galliard, dança de origem Italiana/ Francesa do século XV, pois ambos tinham o tempo rápido, no ritmo de 3/2, e eram dançados com cinco passos em seis tempos musicais. Por isso Galliard também era chamado de “cinq pas”, cinco passos, na Inglaterra. Os movimentos característicos dessa dança cabiam em dois compassos de três tempos, sendo: quatro passos nos primeiros quatro tempos, salto no quinto e uma pausa no sexto tempo. La Volta era dançada em uma posição meio fechada, o cavalheiro com uma mão segurava o “busk”* da dama, e punha a outra nas costas, acima do quadril. A dama punha a sua mão mais próxima, no ombro mais próximo dele, e com a outra mão segurava a saia, para não se enrolar nela ao girar. Então o cavalheiro ficava de frente para ela, enquanto ela estava de frente para um dos lados. Outra característica da dança La Volta era o momento em que o cavalheiro, o líder, erguia a dama, segurando-a pelo tronco e apoiando-a pela coxa, em sua coxa, e a assim a girava. O grande preconceito, inicialmente sofrido pela La Volta, nas altas sociedades da Europa era, que a dama, ao segurar a saia com a mão, mostrava seus tornozelos e, na época, o máximo aceitável entre os parceiros era o toque na ponta dos dedos. Mesmo sendo muito popular, essa dança era considerada vulgar e inapropriada para damas de família, tanto que foi proibida na França pelo Rei Louis XIII (1610–1613).
A segunda versão sobre o surgimento da Valsa é baseada em vários escritos existentes a partir do século XVI, que retratam uma dança “deslizante” vinda das regiões onde hoje estão Áustria e Alemanha. O filósofo francês Montaigne escreveu sobre uma dança que ele viu em 1580, em Augsburg, na Bavária, onde os dançarinos seguravam-se tão perto uns dos outros, que os rostos chegavam a se tocar. Outra notação da mesma época, que podemos encontrar, é a de Kunz Haas, onde ele diz que “as pessoas hoje estão dançando de forma ímpia, girando e rodando”. Afirma-se que, por volta de 1750, nas regiões da Bavária,Tyrol e Styria, hoje Alemanha/Áustria, sur¬iu uma dança de nome Walzer, onde os casais ficavam em uma posição fechada, um de frente para o outro, e assim como La Volta, tem por significado “girar”. Naquela mesma região da Bohemia, Áustria e Bavária, existia uma dança folclórica em ¾ bastante popular, o Ländler ou Schleifer, onde pode ser encontrado o elemento em que o homem ajoelha-se no chão, enquanto a dama gira ao seu redor.
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